"Pirataria e estudos sobre o Cavaleiro de Calatrava" em Santiago do CHILE, com Francisco Vidal
Imagens da instalação site-specific de Francisco Vidal no Museo Nacional de Bellas Artes em Santiago do CHILE (Agosto/Setembro 2010)
Lisboa-Berlim-Nova Iorque-Santiago: pintura, desenho e pirataria de Francisco Vidal
No ano em que se comemora o bicentenário da independência chilena (1810) e o centenário do MNBA - Museo Nacional de Bellas Artes chileno (1910), o MNBA decidiu realizar uma exposição internacional de arte contemporânea que reactualiza através de diversas abordagens o próprio acervo do Museu. Estava-se em 1910, quando a exposição inaugural do Museu, intitulada Exposición del Centenario, reuniu obras apresentadas pelos quinze países participantes, entre os quais Portugal (que então exibiu o retrato do Cavaleiro de Calatrava, pintado pelo caldense José Malhoa). Os restantes foram Alemanha, Argentina, Áustria, Bélgica, Brasil, Espanha, E.U.A., França, Holanda, Itália, Japão, Reino Unido, Suíça e Uruguai, tendo algumas das criações artísticas então mostradas sido doadas de modo a iniciar a colecção internacional que o MNBA celebra 100 anos depois em torno do grande tema das Migrações.
O processo constituiu desde logo uma migração de escolhas entre diferentes contextos: no caso português, a Embaixada, após convite do MNBA para participar neste evento, optou por convidar um curador que por sua vez escolheu um artista, ramificando assim as escolhas curatoriais da iniciativa, e privilegiando também a liberdade de suportes de apresentação dos projectos a seleccionar (“bidimensional ou tridimensional, audiovisual ou fotográfico, objectual ou instalação”). A escolha do artista recaiu por isso, ainda no final de 2008, no jovem pintor Francisco Vidal, na altura a viver em Berlim e cuja obra já tem abordado por diversas vezes o imaginário plástico de José Malhoa, conciliando-se ainda o conhecimento profundo do universo de Malhoa com diversas referências culturais associadas à sua própria biografia. Desde a relação com as Caldas da Rainha (Portugal), onde o jovem autor estudou – e se situa o Museu do próprio Malhoa – até à sua nova residência em Nova Iorque, ainda hoje considerada um dos mais importantes pólos artísticos internacionais, sem esquecer o cruzamento, na sua própria biografia, de dois dos países com histórias migratórias mais expressivas: Cabo Verde e Angola. A estas razões somou-se também uma experiência já considerável por parte do Francisco Vidal na realização de intervenções “site-specific”, como a que mereceu destaque da crítica no Prémio EDP Novos Artistas 2005, ou no Centro Cultural de Lagos, no âmbito do programa de Arte Contemporânea ALLGARVE (2008).O convite ao Francisco Vidal consistiu, portanto, num desafio para criar uma intervenção “site-specific” num espaço previamente atribuído pelo MNBA, podendo integrar anteriores trabalhos nos quais tivesse evocado obras seminais de José Malhoa.
Migrações, portanto: das histórias pesquisadas, das imagens que se encontraram e das ligações que se produziram, até chegarmos à vertigem da pirataria tão contemporânea de Francisco Vidal.
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