terminou o programa transversal dos MUNDOS LOCAIS, mas a exposição continua até 20 de Setembro, em Lagos!


(da esquerda para a direita)
Adekunle Detokunbo-Bello, Jane Thorburn, Ana, Sara, Kiluanje Liberdade, Nuno, António Ole e Jürgen Bock
(sentados) Paul Goodwin e Manthia Diawara
(a tirar a foto) Lúcia Marques


Eis alguns dos participantes no ciclo de cinema dos nossos MUNDOS LOCAIS, reunidos em Lagos, contribuindo para um projecto que desde o início desejou ser uma plataforma de encontro, convívio, partilha de experiências, inquietações e expectativas.


Terminou assim o programa transversal do projecto MUNDOS LOCAIS, mas a exposição continua até 20 de Setembro, tendo-se estendido a sua exibição por mais duas semanas face à data inicial de fecho. Foi a exposição do programa ALLGARVE que teve mais visitantes até ao momento!

Espreitem as actualizações do website bilingue, cuja imagem de abertura agora é a capa do CATÁLOGO, já disponível no Centro Cultural de Lagos:

http://www.localworlds.org/

Entretanto, quero deixar aqui um AGRADECIMENTO ESPECIAL a todos os que contribuiram para se cumprir essa vontade, sem esquecer toda a equipa do Centro Cultural de Lagos que, estando nos bastidores, é quem permanece na linha de "combate". MUITO OBRIGADA A TODAS E TODOS!

"Personal DJ", com Susana Guardado (VJ convidada: Ynaiê Dawson): em Lagos!


Susana Guardado, "Europa" (video still), 2007-2008

Sábado - dia 23 de Agosto - o ponto de encontro foi em LAGOS!


Foi no LAC-Laboratório das Actividades Criativas, que teve lugar, às 22h, a apresentação final do material audiovisual recolhido e samplado, nas sessões domésticas de 16 a 21 de Agosto, pela DJ Susana Guardado e pela VJ Ynaiê Dwason, no âmbito do projecto MUNDOS LOCAIS e com entrada GRATUITA!

Coordenadas para chegar ao LAC:
procurar a GNR (sim, é a sério!), pois o LAC funciona na antiga prisão de Lagos, bem nas traseiras do Hotel Tivoli de Lagos, a 10 minutos da estação de autocarros e da Marina de Lagos.

LAC – Laboratório de Actividades Criativas é uma associação cultural sem fins lucrativos, formada em 1995, sedeada no edifício da antiga cadeia de Lagos.
Tem como objectivo principal dinamizar e promover a criação artística no barlavento algarvio, nomeadamente na divulgação dos artistas residentes nesta zona, promovendo a interdisciplinaridade e o contacto destes com outros artistas e instituições culturais nacionais e internacionais, com vista à troca de ideias e intercâmbios de iniciativas.
As instalações da associação dispõem de onze ateliers (celas), duas salas polivalentes, um centro de documentação e um espaço para espectáculos, abertos a propostas exteriores para desenvolvimento de actividades, nas áreas que se julguem enquadrar nos objectivos da associação.
Ao longo de doze anos de existência, o LAC tem vindo a promover não só a cedência de espaços, mas também a realização de concertos, espectáculos, exposições, intercâmbios, formações, projecções de filmes, entre outras actividades criativas.
WEBsite do LAC: www.lac.web.pt


Mais informações sobre o projecto MUNDOS LOCAIS (em Lagos, Portugal):
www.localworlds.org

em exposição em São Tomé até final de Agosto: KWAME DE SOUSA




É possível ver até final do mês de Agosto, na galeria Teia D'Arte, a exposição do artista santomense KWAME DE SOUSA, intitulada "Peace, Other Face".

Edlena Barros escreveu um excelente artigo no jornal Correio da Semana. Eis um pequeno excerto para se ter uma ideia do que se dá a ver através da obra de um dos mais promissores jovens artistas de São Tomé:

Com 11 quadros, uma escultura, uma instalação e uma performance, o artista plástico falou da guerra. Segundo ele, a guerra é um tema em evidência mas que passa despercebido. "As pessoas olham para o mundo e vêem roupa, sapatos, grandes casas, carros bonitos e mulheres giras, mas não olham para todo o resto, que são as pessoas que estão a passar fome e que estão a ter problemas porque o seu país está em guerra", disse Kwame de Sousa.

Nos quadros misturam-se cores, imagens e palavras. Imagens que retratam a guerra e palavras que passam mensagens, que chamam a atenção para aqueles que ele considera serem as principais vítimas da guerra: as crianças. "Falo da família, da ligação familiar e da perda da própria ligação que acontece com a guerra e falo das crianças que ficam sozinhas no mundo. Nós sabemos que o nosso mundo é um mundo que dilacera tudo, se não tivermos cuidado com as pessoas, porque o pior inimigo do homem é o próprio homem".

Durante a sua performance intitulada "Não se combate a paz com armas", Kwame fez uma crítica a sete países que são grandes produtores de armas no mundo: "Pintei a bandeira dos países produtores de armas com as cores do arco-íris. Quando existe a bonança nós zelamos por horizontes parecidos ao arco-íris que simboliza a bonança no mundo que vem depois da tempestade", explicou.

Segundo ele, são esses grandes produtores mundiais que mais ganham com a guerra. Ganham quando vendem canadianas para os mutilados, ou seja, ganham duplamente em cima do sofrimento dos outros. "Para este trabalho inspirei-me na sociedade, mas não essa sociedade em que eu me encontro, mas sim numa sociedade que está a sofrer, uma outra sociedade mais pobre, não estou a falar pobre de espírito, pobre de não ter o que comer, não ter casa para dormir, mas por estar a ser massacrado e torturado pelas grandes super-potências, as produtoras de armas".

"O senhor das armas não gosta de crianças", com esse coro Izabela Brochado cantou a música de Renato Russo a "Canção do Senhor da Guerra" que retrata a questão das crianças, e de como elas são as grandes vítimas nessa guerra. Segundo Izabela, toda a exposição traz um tema muito actual. "É um trabalho que mistura palavras, imagens, sobreposições e é bem o que a guerra faz. Ela vem e destrói alguma coisa que estava construída anteriormente e fica essa coisa descontínua, as casas, as cidades, as pessoas. Os quadros passam isso, essa descontinuidade, algo que interfere sobre a imagem que está abaixo", comentou.


A não perder para quem passar por São Tomé por estes dias!
LM

Kwame de Sousa nasceu em São Tomé e Príncipe em 1980 e recebeu a sua formação de base no projecto de "Experimentação 01", realizado pelo CIAC-Centro Internacional de Arte e Cultura, no espaço da galeria Teia D' Arte, em São Tomé. Os seus principais orientadores foram nessa altura os artistas Seyni Gadiaga e Débora Miller. Em 2002 participou num workshop de pintura e desenho com os finalistas da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e dois anos depois fez com o escultor João Bicho um workshop sobre o brinquedo tradicional português. Participou em 2008 na V Bienal Internacional de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe. Está neste momento a terminar o curso de Artes e Ofícios do Espectáculo na escola do Chapitô, em Lisboa, e a preparar uma exposição conjunta com o artista René Tavares em Bruxelas, prevista para início de 2009. WEBSITE: http://www.kwamesousa.blogspot.com/

exposição dos trabalhos mais recentes de RENÉ TAVARES





Foi na galeria Teia D'Arte que o artista René Tavares mostrou os seus trabalhos mais recentes em torno do Tchiloli: uma representação teatral de herança renascentista reinventada pelo povo santomense ao ponto de se tornar símbolo de resistência face à dominação colonial portuguesa. Actualmente o Tchiloli é reconhecido como uma das mais ricas tradições culturais de São Tomé e Príncipe e já está, inclusive, a decorrer a sua candidatura a património imaterial da humanidade.


René Tavares trabalha precisamente sobre essa tradição, reactivando-a com um olhar contemporâneo, quer através dos seus desenhos quer através das suas pinturas.

Eis alguns excertos dos depoimentos e comentários que a jornalista Edlena Barros publicou no jornal "Correio da Semana", a propósito da exposição "Novos Horizontes de um Teatro", após entrevista ao artista:

"Já lá vão seis anos que trabalho com e sobre o Tchiloli e quando faço qualquer tipo de trabalho pego naquilo que já fiz e aprendi com o Tchiloli e coloco nesse novo trabalho. Não vai aparecer o desenho nem a imagem do Tchiloli, mas sim uma técnica, um certo conjunto de cores, de linhas e de traços que vieram do Tchiloli", disse René.

(...) Segundo o artista o Tchiloli não é só o teatro e as cores em si, ele é também uma linguagem, que René chama de crioula devido às origens europeias e à mistura com África presente no Tchiloli. "Há aquela partilha Europa/África, a mestiçagem dentro desse conjunto de movimentos, cores, traços e do espectáculo. A minha linguagem resulta desse ponto de partilha característica dessa mestiçagem no Tchiloli. Juntei um pouco de mim, que é um pouco de África, e um pouco daquilo que vejo e vi que me parece ser ocidental, uma certa realidade urbana que em África não temos", acrescentou René.

(...)
Há seis anos que René pesquisa sobre o Tchiloli e desenvolve trabalhos resultantes dessa pesquisa. "Não consigo parar de pesquisar sobre o Tchiloli. É através de novas pesquisas sobre o Tchiloli que tenho inspiração para fazer outros trabalhos, é a base de tudo", disse ele.


Vale ainda a pena ler o texto que o artista escreveu para acompanhar a exposição:


SEIS ANOS DE PESQUISA E TRABALHO EM TORNO DO TCHILOLI


Teatro de muita cor, dança, alegria e tristeza. Um "espectáculo"
de máxima importância que estabelece desde cedo uma forte
ligação entre o continente europeu e africano.

Trabalhar sobre o Tchiloli é para mim uma forma de fortalecer
essa ligação e criar a abertura para uma leitura multicultural.

“Novos horizontes de um teatro” mostra precisamente essa
abertura e cria um diálogo que envolve costumes e cenas africanas
num ambiente pictórico contemporâneo.

No meu trabalho as formas, as cores e todos os passos dados são
assim tão importantes como os desenhos propriamente ditos.

A presença do Tchiloli e o casamento de dois mundos é o segredo
desse diálogo aberto. O tradicional e o contemporâneo.

No fundo é uma partilha, para mim a arte é isso. Serve para quebrar
a barreira que bloqueia o diálogo intercultural e nos fazer viajar.
Porque cada pintura é uma viagem.

E cada viagem é uma descoberta.


RENÉ TAVARES



René Tavares nasceu em São Tomé e Príncipe, em 1983, e formou-se na Escola Nacional de Belas-Artes de Dakar, no Senegal. Paralelamente, participou em diversos workshops na galeria Teia D'Arte, em São Tomé, orientado pelos artistas Seyni Gadiaga e Débora Miller, e, em 2002, integrou o workshop de pintura e desenho dos finalistas da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Já expôs em São Tomé, Paris, Bordéus, Évora e Oeiras, entre outras cidades, e participou em 2008 na V Bienal Internacional de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe. Ganhou recentemente uma bolsa para desenvolver as suas pesquisas plásticas em Rennes (França) durante os próximos 3 anos.
WEBSITES: http://kito-rivas.ifrance.com/ | http://www.renetavares.blogspot.com/| http://br.geocities.com/renecruztavares/