NEM PRINCÍPIO NEM FIM, com Sofia de Medeiros nos Açores














SOFIA DE MEDEIROS
A Promessa
O Pão do Bodo
O Fado

(2010)








Nem Princípio Nem Fim: Brincos de Princesa

um projecto de
SOFIA MEDEIROS
em co-curadoria com Lúcia Marques

no Museu Carlos Machado
Ponta Delgada, Ilha de S. Miguel * AÇORES


De 11 de Dezembro 2010 a 20 de Março de 2011


O Museu Carlos Machado acolhe, até 20 de Março de 2011, o mais recente projecto de Sofia de Medeiros. A artista propõe uma visão contemporânea das tradições culturais açorianas apresentando mais de uma dezena de trabalhos inéditos. Esta é a primeira exposição de uma trilogia dedicada ao feminino numa abordagem transinsular.

“Sempre ambicionei correlacionar aspectos das minhas raízes culturais açorianas com os meus projectos artísticos. O meu regresso à ilha veio proporcionar isso. É como se estivesse em residência artística prolongada, absorvendo o máximo do que o sitio me pode revelar. Neste sentido, o meu trabalho foca-se neste processo cultural de contacto e troca de diferentes experiências e reflexões artísticas pessoais.

No caso particular de Nem Princípio Nem Fim é um olhar feminino sobre o feminino, levantando questões sobre o papel tradicionalmente atribuído às mulheres portuguesas no espaço doméstico. Este projecto também é resultado de uma constante investigação de técnicas tradicionais ligadas aos lavores femininos antigos e aos tecidos de padrões tradicionais portugueses. É um constante diálogo e reflexão entre a tradição e a contemporaneidade, no sentido de uma interacção construtiva entre o que se define como valor local e universal.

Recorrendo a elementos de carácter simbólico que representam o universo imagético da cultura popular açoriana existentes nas mais diversas manifestações como os romeiros, as festas do Divino Espírito Santo, o Santo Cristo dos Milagres, o folclore, etc, são criadas obras, em tecido e em ferro, com técnicas tradicionais que pressupõem o “saber fazer”. O uso do ferro surge como contraste à moleza dos tecidos e sobretudo à sua masculinidade, tão característica deste material, em contraposição à feminilidade dos têxteis. Por vezes recorro à apropriação de formas já existentes, de modo a criar um discurso artístico contemporâneo pertinente no que diz respeito à busca de identidade cultural, provocando no espectador uma reflexão e conhecimento da influência que a tradição pode exercer na arte contemporânea.”


Sofia de Medeiros

+Info = www.museucarlosmachado.azores.gov.pt

Conversa na ArteIlimitada sobre curadoria




Francisco Vidal
Mural do Habitual, 2010
(foto: Rita GT)




"Práticas curatoriais em rede e outras estratégias de sobrevivência”
11 de Novembro de 2010, pelas 18H45


O papel do curador como efectivo mediador tem-se consolidado no meio artístico português apenas nos últimos anos, traduzindo novas metodologias de trabalho que também passam por uma maior participação em redes informais e institucionais de colaborações. A partir de estudos de caso que envolvem diversas geografias culturais, abordar-se-ão diferentes estratégias de sobrevivência cultural e artística num mundo dividido entre o global e o local.

Coordenação do ciclo de conferências da Arte Ilimitada: Leonor Nazaré

ARTEILIMITADA - Escola de Artes Visuais
Calçada da Estrela, 128, Anexo A, 1200-666 Lisboa
21.3956427 / 21.3954401
arteilimitada@sapo.pt | http://www.arteilimitada.com

"Pirataria e estudos sobre o Cavaleiro de Calatrava" em Santiago do CHILE, com Francisco Vidal


















Imagens da instalação site-specific de Francisco Vidal no Museo Nacional de Bellas Artes em Santiago do CHILE (Agosto/Setembro 2010)




Lisboa-Berlim-Nova Iorque-Santiago: pintura, desenho e pirataria de Francisco Vidal

No ano em que se comemora o bicentenário da independência chilena (1810) e o centenário do MNBA - Museo Nacional de Bellas Artes chileno (1910), o MNBA decidiu realizar uma exposição internacional de arte contemporânea que reactualiza através de diversas abordagens o próprio acervo do Museu. Estava-se em 1910, quando a exposição inaugural do Museu, intitulada Exposición del Centenario, reuniu obras apresentadas pelos quinze países participantes, entre os quais Portugal (que então exibiu o retrato do Cavaleiro de Calatrava, pintado pelo caldense José Malhoa). Os restantes foram Alemanha, Argentina, Áustria, Bélgica, Brasil, Espanha, E.U.A., França, Holanda, Itália, Japão, Reino Unido, Suíça e Uruguai, tendo algumas das criações artísticas então mostradas sido doadas de modo a iniciar a colecção internacional que o MNBA celebra 100 anos depois em torno do grande tema das Migrações.

O processo constituiu desde logo uma migração de escolhas entre diferentes contextos: no caso português, a Embaixada, após convite do MNBA para participar neste evento, optou por convidar um curador que por sua vez escolheu um artista, ramificando assim as escolhas curatoriais da iniciativa, e privilegiando também a liberdade de suportes de apresentação dos projectos a seleccionar (“bidimensional ou tridimensional, audiovisual ou fotográfico, objectual ou instalação”). A escolha do artista recaiu por isso, ainda no final de 2008, no jovem pintor Francisco Vidal, na altura a viver em Berlim e cuja obra já tem abordado por diversas vezes o imaginário plástico de José Malhoa, conciliando-se ainda o conhecimento profundo do universo de Malhoa com diversas referências culturais associadas à sua própria biografia. Desde a relação com as Caldas da Rainha (Portugal), onde o jovem autor estudou – e se situa o Museu do próprio Malhoa – até à sua nova residência em Nova Iorque, ainda hoje considerada um dos mais importantes pólos artísticos internacionais, sem esquecer o cruzamento, na sua própria biografia, de dois dos países com histórias migratórias mais expressivas: Cabo Verde e Angola. A estas razões somou-se também uma experiência já considerável por parte do Francisco Vidal na realização de intervenções “site-specific”, como a que mereceu destaque da crítica no Prémio EDP Novos Artistas 2005, ou no Centro Cultural de Lagos, no âmbito do programa de Arte Contemporânea ALLGARVE (2008).O convite ao Francisco Vidal consistiu, portanto, num desafio para criar uma intervenção “site-specific” num espaço previamente atribuído pelo MNBA, podendo integrar anteriores trabalhos nos quais tivesse evocado obras seminais de José Malhoa.

Migrações, portanto: das histórias pesquisadas, das imagens que se encontraram e das ligações que se produziram, até chegarmos à vertigem da pirataria tão contemporânea de Francisco Vidal.