em exposição em São Tomé até final de Agosto: KWAME DE SOUSA




É possível ver até final do mês de Agosto, na galeria Teia D'Arte, a exposição do artista santomense KWAME DE SOUSA, intitulada "Peace, Other Face".

Edlena Barros escreveu um excelente artigo no jornal Correio da Semana. Eis um pequeno excerto para se ter uma ideia do que se dá a ver através da obra de um dos mais promissores jovens artistas de São Tomé:

Com 11 quadros, uma escultura, uma instalação e uma performance, o artista plástico falou da guerra. Segundo ele, a guerra é um tema em evidência mas que passa despercebido. "As pessoas olham para o mundo e vêem roupa, sapatos, grandes casas, carros bonitos e mulheres giras, mas não olham para todo o resto, que são as pessoas que estão a passar fome e que estão a ter problemas porque o seu país está em guerra", disse Kwame de Sousa.

Nos quadros misturam-se cores, imagens e palavras. Imagens que retratam a guerra e palavras que passam mensagens, que chamam a atenção para aqueles que ele considera serem as principais vítimas da guerra: as crianças. "Falo da família, da ligação familiar e da perda da própria ligação que acontece com a guerra e falo das crianças que ficam sozinhas no mundo. Nós sabemos que o nosso mundo é um mundo que dilacera tudo, se não tivermos cuidado com as pessoas, porque o pior inimigo do homem é o próprio homem".

Durante a sua performance intitulada "Não se combate a paz com armas", Kwame fez uma crítica a sete países que são grandes produtores de armas no mundo: "Pintei a bandeira dos países produtores de armas com as cores do arco-íris. Quando existe a bonança nós zelamos por horizontes parecidos ao arco-íris que simboliza a bonança no mundo que vem depois da tempestade", explicou.

Segundo ele, são esses grandes produtores mundiais que mais ganham com a guerra. Ganham quando vendem canadianas para os mutilados, ou seja, ganham duplamente em cima do sofrimento dos outros. "Para este trabalho inspirei-me na sociedade, mas não essa sociedade em que eu me encontro, mas sim numa sociedade que está a sofrer, uma outra sociedade mais pobre, não estou a falar pobre de espírito, pobre de não ter o que comer, não ter casa para dormir, mas por estar a ser massacrado e torturado pelas grandes super-potências, as produtoras de armas".

"O senhor das armas não gosta de crianças", com esse coro Izabela Brochado cantou a música de Renato Russo a "Canção do Senhor da Guerra" que retrata a questão das crianças, e de como elas são as grandes vítimas nessa guerra. Segundo Izabela, toda a exposição traz um tema muito actual. "É um trabalho que mistura palavras, imagens, sobreposições e é bem o que a guerra faz. Ela vem e destrói alguma coisa que estava construída anteriormente e fica essa coisa descontínua, as casas, as cidades, as pessoas. Os quadros passam isso, essa descontinuidade, algo que interfere sobre a imagem que está abaixo", comentou.


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LM

Kwame de Sousa nasceu em São Tomé e Príncipe em 1980 e recebeu a sua formação de base no projecto de "Experimentação 01", realizado pelo CIAC-Centro Internacional de Arte e Cultura, no espaço da galeria Teia D' Arte, em São Tomé. Os seus principais orientadores foram nessa altura os artistas Seyni Gadiaga e Débora Miller. Em 2002 participou num workshop de pintura e desenho com os finalistas da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e dois anos depois fez com o escultor João Bicho um workshop sobre o brinquedo tradicional português. Participou em 2008 na V Bienal Internacional de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe. Está neste momento a terminar o curso de Artes e Ofícios do Espectáculo na escola do Chapitô, em Lisboa, e a preparar uma exposição conjunta com o artista René Tavares em Bruxelas, prevista para início de 2009. WEBSITE: http://www.kwamesousa.blogspot.com/

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